Ética é amar ao outro e a si mesmo. O objetivo da ética é o bem, esse bem não é simplesmente amar ao próximo, o maior bem é estar em harmonia com o próximo. A ética exige abrir mão das paixões, pois só assim poderemos achar o justo meio entre nós e o outro. Devemos, contudo, tomar cuidado para evitar a frieza e a falta de carinho para com o outro, quando dizemos paixão citamos duas coisas basicamente: Um sentimento tão descontrolado que não permite respeitar a vontade do próximo como também nos envolver com uma pessoa sem nenhum caráter.
Aristóteles: “Os asnos preferem a palha ao ouro.”
Não basta conhecermos o instinto é preciso nos tornarmos livres.
Todos agimos com o objetivo da felicidade, mas qual a sua essência?
A ética pode conduzir a felicidade. O objetivo da ética é a felicidade, sentir prazer é coisa da alma, portanto a cada um é aprazível a coisa de que se diz amador, nem tudo é aprazível a todos. Sendo bem supremo o prazer da alma.
Precisamos saber respeitar a individualidade das pessoas, como se nós gostássemos muito de rosas e preciso fosse pegar cada rosa tomando o cuidado de respeitar o pé a cada colheita. A construção do amor deve ser entendida como uma como a relação de dois e não uma febre. O amor é uma construção entre duas pessoas.Amar ao próximo e a si mesmo. A partir desse paradoxo, em nossa vida adulta somos obrigados a elaborar uma forma de nos relacionarmos com o outro. Quando somos crianças não precisamos nos preocupar com isso, visto que tudo e todos estão à nossa disposição, não somos obrigados a nos colocar nas situações, medir e perceber qual o nosso papel. O máximo que é exigido é uma postura por nossos pais. Mesmo em situações em que a presença do pai ou da mãe é ausente ou complicada, não é exigido de nós uma atitude coerente, ás vezes esquecem que existimos.
Com o amadurecimento e o passar dos anos cada vez mais temos que desempenhar o nosso papel, nesse caso começamos a interagir com os outros e somos obrigados a negociar e a estabelecer limites entre nós e os outros. Não dá simplesmente para puxar a sardinha para um só lado, precisamos encontrar o equilíbrio, entre os limites de duas pessoas. Neste momento é que as coisas complicam, nem sempre as pessoas estão preparadas para viver assim.
Voltemos à infância, a educação de quase todos nós não foi um primor na arte de relacionar-se, vire e mexe, nós mesmos precisamos preencher lacunas deixadas pelos nossos familiares ou pela nossa escola. Se quisermos a felicidade! Por exemplo, a falta ou o excesso do afeto materno/paterno pode nos deixar em situações complicadas. A falta pode nos deixar amargurados e nesse momento transferimos para outras pessoas, todo esse sentimento, sem perceber que ela não nos fez nenhum mal, mas simplesmente não estamos preparados para entender que aquela pessoa não tem a obrigação de substituir um pai ou uma mãe ausente.
Quando somos mimados acontece o contrário: queremos ser tratados como reis e nos achamos no direito de passar por cima dos outros, como se não fossemos iguais e sim melhores. Como ninguém tem a obrigação de nos aturar é ai que tudo se complica e descobrimos que estamos saltando num perigoso trapézio sem rede e que aquela figura protetora não está mais ali e estatelamos no chão.
Por isso saber negociar o nosso espaço com os demais é uma necessidade.
Nesse momento cabe aqui uma reflexão sobre a forma distorcida de entender o amor, que muitas das vezes é entendido como simplesmente amar ao próximo, sim isto é verdade, mas não a única, está subtendido lá o amor próprio, tão necessário à nossa felicidade. Amar mais aos outros ou menos que a nós mesmos terminará em perderemos a nossa felicidade.
Ser ético não garante a felicidade, é preciso conhecer as pessoas. Muitas vezes vemos o mal no outro, quando ele simplesmente não realiza os nossos desejos. Ou nos sentimos pessoas más quando não realizamos o capricho dos outros. A avaliação mais madura vai um pouco mais além vendo o equilíbrio entre as duas pessoas como o bem maior. Mesmo que seja necessário em algum momento cedermos espaço para tornar a vida do outro possível, ao longo do tempo devemos caminhar para o equilíbrio. A amizade pressupõe justiça.
A partir daí teremos várias construções:
Primeiro: todas as nossas relações pressupõem que estabeleceremos um acordo com o próximo no sentido de vermos o nosso lado e o dele.
Segundo: não devemos enganá-lo visto que não podemos prometer uma coisa e depois não entregá-la. É preciso cumprir o combinado, além de tudo devemos estar cientes de todas as condições que cercam as situações para não prejudicarmos e sermos prejudicados. Depois de tudo estabelecido devemos respeitar o outro mesmo que ele não esteja presente é a responsabilidade de cumprir o combinado.
A maioria de nossos sentimentos e atos são de nossa responsabilidade: O pensar, o agir, o sentir... . Mesmo que no início de nossa vida, isso não seja possível na vida adulta disso não poderemos fugir , mesmo a omissão é sinal de consentimento. O propósito ou intenção é mister conhecer, qual o desejo que está em nosso coração o que foi deliberado primeiro. A maldade é um ato voluntário, quando prejudicamos alguém não poderemos esconder –nos em lugar algum, esta lá a grande verdade: fomos nós.
Colocado dessa forma parece que vivemos em um mundo perfeito com leis justas e planejado por boas pessoas. Não podemos esquecer que pessoas com intenções duvidosas e despreparadas controlam o nosso mundo. Mas ao mesmo tempo se não cumprirmos as convenções somos quase que despejados da vida, nesse caso é preciso sabedoria pra julgar cada situação, para só aí sabermos que em que caso a lei simplesmente torna impossível a nossa vida. Vale a máxima: “Honestos e corretos todos nós devemos ser mas não mais que o rei.”
Ainda nos lembra Aristóteles: “Um tratado de moral não pode ser teoria pura, há de ter em mira a prática. Tampouco se podem dar regras estáveis, porque cada um deve tirar do exame das circunstâncias particulares a regra para a ação”.